Mesmo em crise, Brasil reforça bom aproveitamento na Europa

A seleção brasileira retornou à Europa contestada, em meio a uma crise institucional, de resultados, e de troca de comando. Nada que tenha mudado a rotina contra rivais do continente: o Brasil tem um aproveitamento invejável contra seleções europeias e somou mais uma vitória na lista.

Os amistosos contra Inglaterra e Espanha foram exceções em uma agenda cada vez mais complexa para encontros entre sul-americanos e europeus. Uma das grandes críticas à preparação do Brasil para a Copa do Mundo de 2022 foi justamente a falta de experiência contra times do continente. Uma situação forçada em grande parte pela criação da Liga das Nações, com poucas datas livres para amistosos por lá. Uma coisa, no entanto, parece nunca mudar: o retrospecto positivo contra seleções europeias.

No caso deste sábado, a Inglaterra vinha de 12 vitórias em sequência e atuava em Wembley contra um Brasil em situação oposta - crise de resultados e caos. Nem o mal momento da nossa seleção foi o suficiente para reverter uma freguesia histórica. Em 27 clássicos contra os ingleses, o Brasil perdeu apenas quatro e venceu 12.

Quedas em Copas abalam imagem

Em 2006, o algoz foi a França. Quatro anos depois, a Holanda. Em 2014, a humilhação contra a Alemanha. Em 2018 foi a vez da Bélgica e, na última Copa, a Croácia. O fato de ter caído sempre para europeus desde o pentacampeonato certamente abalou a mística brasileira pela Europa. Com exceção do massacre alemão, no entanto, todos os outros jogos foram decididos por detalhes, e o desempenho brasileiro, mesmo sem contar com gerações brilhantes no período, seguiu sendo positivo.

Neste século, o Brasil encarou 75 jogos oficiais contra seleções da Europa. Venceu 46, empatou 17 e perdeu 12.  O aproveitamento é de 69%, e cabe lembrar que, como o amistoso em Wembley, boa parte desses encontros foi em território rival ou campo neutro. Um dado relativo, considerando que a pior das derrotas foi justamente no Brasil.

O fracasso do Brasil nas últimas Copas também não parece ter relação com a diminuição de testes contra seleções da Europa. No último ciclo, o único amistoso foi contra a República Tcheca, vencido pelo Brasil. Mas, para a Copa da Rússia, a seleção encarou oito partidas contra europeus, com sete vitórias. Entre os rivais estavam França, Inglaterra e Alemanha, grandes potências continentais e mundiais.

Em 2014, a história foi semelhante. Incluindo um título oficial no caminho, com vitórias inquestionáveis contra Itália e Espanha. Experiências que não ajudaram o Brasil nas Copas posteriores.

A vitória sobre a Inglaterra veio em bom momento para resgatar a confiança na seleção em um início de ciclo sob novo comando, com Dorival Júnior. Mas a realidade é que pouco muda para o Brasil. Maior potência do futebol mundial, a nossa seleção segue competitiva, mesmo em má fase, mas a medida do sucesso será sempre a conquista de uma Copa do Mundo. Nada além daqueles poucos jogos de quatro em quatro anos conta, em um efeito colateral natural para uma seleção que se acostumou a ser referência global no futebol.