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      César Luis Menotti: o visionário

      Texto por Carlos Ramos
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      César Luis Menotti foi um visionário. Um homem de convicções que ajudou a revolucionar o futebol argentino. Foi o mestre perfeito para o genial Maradona. Foi o primeiro técnico argentino a levar o país ao topo do mundo. E manteve sua influência até o terceiro título argentino, décadas mais tarde. 

      Menotti foi, também, um jogador de sucesso razoável. Nascido em Rosario no dia 05 de novembro de 1938, não poderia deixar de se apaixonar por futebol. E foi pelo Rosario Central que estreou profissionalmente como jogador, em 1960. No início, o futebol o ajudou financeiramente a sustentar sua família, com o pai padecendo de câncer. 

      Ficou conhecido como El Flaco. Era um atacante veloz, de chute forte. Ficou quatro anos no Rosario, e chegou a ser convocado pela seleção argentina para jogar a Copa América de 1963. Ainda passou pelo Racing até conquistar seu primeiro título argentino, no Boca Juniors, em 1965. 

      Em seguida, teve uma carreira pouco usual para um argentino: jogou no New York Generals, na NASL, e em seguida atuou ao lado no Santos, de Pelé, em 1968, sendo campeão paulista e brasileiro. Encerrou a carreira no ano seguinte pelo Juventus da Mocca. 

      Admirador do futebol brasileiro, Menotti nunca escondeu uma opinião polêmica em seu país: Pelé foi melhor que Maradona. "Quando se fala de futebol, eu tiro o Pelé, porque ele foi um extraterrestre".

      Apesar de ter feitos marcantes como jogador (passagem pela seleção, título nacional e parceria - breve - com Pelé), foi como treinador que Menotti ficou marcado na história do futebol. Foi aí que foi revolucionário. 

      Após encerrar a carreira no futebol brasileiro, voltou para a Argentina. Começou a carreira como treinador no Newell's Old Boys. Mas foi no Huracán que conseguiu o grande "trampolim" na carreira, sendo campeão Metropolitano pelo clube. Em 1974, assumiu a seleção argentina. E entrou para a história. 

      Menotti fez questão de acertar um contrato de quatro anos, para trabalhar o ciclo completo até a Copa do Mundo de 1978. Fez um trabalho estável, mesmo em meio ao caos que era a Argentina naquele momento, em tempos de ditadura. Sustentou seu cargo mesmo com o fracasso da Copa América de 1975, e bancou a não convocação do jovem Diego Armando Maradona para a Copa de 1978. "Na seleção, mando eu", sempre fez questão de afirmar. 

      A Argentina, de Menotti, jogava em um 4-3-3, apesar de o treinador sempre afirmar: "prefiro os conceitos antes dos esquemas". O técnico propôs um jogo ofensivo, com associações entre os jogadores próximos da bola. Usava a qualidade técnica individual em prol do jogo coletivo. Na fase defensiva, se notabilizou por usar uma pressão alta eficiente, abusando, muitas vezes, da linha de impedimento para diminuir as ações do adversário no último terço. 

      Apesar de toda a polêmica que envolveu um Mundial disputado em meio a um regime ditadorial, apesar da polêmica goleada sobre o Peru que eliminou o Brasil, a Argentina fez uma grande Copa. Apresentou um futebol encantador como Menotti, comandada em campo por Mario Kempes. Tanto que na decisão, superou a Holanda, de jogo igualmente ofensivo, plástico e técnico. Menotti conquistara, ali, sua grande glória. A primeira Copa da história do futebol argentino. 

      No ano seguinte, fez questão de ir com Maradona ao Mundial sub-20, e foi campeão também. Maradona, então, foi introduzido na seleção argentina por Menotti. E ninguém melhor do que Menotti, um treinador que privilegia e potencializa o jogo técnico dos craques, que deixa a criatividade falar mais alto. 

      Com Menotti, o gênio Maradona disputou sua primeira Copa, em 1982. Só que a Argentina acabou eliminada na segunda fase de grupos. A Itália avançou, deixando pelo caminho o encantador time de Telê Santana, a seleção brasileira de 1982 tão falada até nos dias de hoje. 

      Voltando a trabalhar por clubes, Menotti comandou Maradona no Barcelona e foi campeão da Copa do Rei, da extinta Copa da Liga e também da Supercopa da Espanha. No futebol espanhol, ainda treinaria, anos mais tarde, o Atlético de Madrid. 

      Na Argentina, comandou os gigantes Boca, Independiente e River, e também o Rosário, na sua despedida como técnico por lá, em 2005. Passou pela Sampdoria, da Itália, e trabalhou no México, na seleção na década de 1992 e em Puebla e Tecos, seu último clube, em 2007. 

      Ficou vários anos afastado de funções no futebol, mas o futebol nunca se afastou dele. Sempre recebeu visitas de técnicos da nova geração em busca de conselhos. Sempre que Pep Guardiola, por exemplo, ia para Buenos Aires, um encontro com Menotti era sempre prioridade. 

      Menotti voltou a trabalhar com o cargo de diretor de seleções na Argentina em 2019. Ajudou a ser um dos mentores de Lionel Scaloni na formação da "Scaloneta". De casa, devido a saúde já debilitada, viu o título mundial de 2022. Deixou o futebol argentino de luto no dia 05 de maio de 2024, quando faleceu após passar semanas internado devido a uma anemia. Na história, porém, Menotti sempre será um visionário. 

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