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    Resenha Tática
    Carlos Ramos

    Bastoni e o elemento surpresa da Inter de Inzaghi

    2024/04/02
    E2
    Seja no 4-2-4 ou no 5-3-2, através de jogo de posição ou jogo funcional, respeitando as diversas formas de ver o futebol. Acreditando sempre na beleza do jogo, e nas diversas interpretações do mesmo. Falo de tática tentando fugir do professoral, mas sempre buscando ir além. Como em uma conversa de bar. Sem espaço para a saideira.

    Já falamos aqui neste espaço sobre a Internazionale de Inzaghi (leia mais aqui). A campanha nerazzurri seguiu impressionando deste então. Mas uma nuance nas últimas partidas vem chamando a atenção: a presença do zagueiro Bastoni na fase ofensiva. 

    O 3-5-2 de Inzaghi conta com muita qualidade na primeira fase de construção, feita em uma saída 3+1. Além do apoio de pelo menos um meia, o time conta com dois zagueiros com um passe vertical muito qualificado. Zagueiros que, em outros momentos da carreira (e da temporada), já atuaram como laterais. Vamos focar a análise neste texto em Bastoni. 

    Se olharmos o mapa de calor de Bastoni nos jogos da Inter, temos a impressão de se tratar de um lateral. Mas é atuando como zagueiro que o defensor é considerado o grande elemento surpresa de Inzaghi no último terço. 

    Um recorte interessante de Bastoni, que evidencia tal papel, é sua atuação contra o Empoli, nesta segunda. O lateral, quer dizer, zagueiro, conseguiu sua terceira assistência na temporada, avançou com frequência ao último terço e ainda acertou uma bola na trave. O padrão vem se repetindo já há algum tempo. 

    Tanto que Bastoni já reconheceu, em declarações há algumas semanas, a importância de Inzaghi em sua evolução. "Inzaghi foi muito importante (no desenvolvimento tático). Antes, eu não era um jogador com tanta mobilidade em campo", disse o defensor. 

    Pavard, do outro lado, também pode buscar protagonismo no último terço. Qualidade não falta ao lateral, hoje zagueiro, autor de um gol inesquecível contra a Argentina, nas oitavas da Copa de 2018. Foi um dos tentos mais bonitos daquele Mundial. 

    Um movimento é fundamental para que Bastoni, e também Pavard, consigam progressões com bola e infiltrações no último terço: o de cobertura dos meias. Como deixa claro Bastoni. 

    "Não é fácil achar um jogador como o Mkhitaryan, que faz a cobertura na defesa quando necessário". O dinamismo do armênio se soma ao de Barella e também ao de Çalhanoglu, construtores com bola, mas também com inteligência tática para, coletivamente, ocupar os espaços necessários no campo em coberturas inteligentes. 

    Outro fator que ajuda Bastoni a ser um elemento surpresa no último terço é a mobilidade de Lautaro Martínez e Marcus Thuram. A dupla de ataque gera muitos espaços para infiltrações, se movimentando fora da área para atrair os marcadores. 

    O protagonismo de Bastoni no último terço está longe de ser um mero acaso. Sem tirar os méritos do defensor, os movimentos são coordenados e frutos de uma dinâmica coletiva muito bem apresentada para o grupo e executada eficientemente. No segundo tempo contra o Empoli, Carlos Augusto, lateral esquerdo com características ofensivas, foi usado como zagueiro pela canhota, com Darmian como ala naquele lado. Mudam as peças, os conceitos seguem. O melhor futebol da Itália segue nadando de braçadas na Serie A. 



    Comentários

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    motivo:
    Bastoni
    2024-04-02 21h48m por Creed93
    Esse é muito craque, provavelmente o zagueiro com maior qualidade técnica no futebol mundial hoje. . . Espero que fique muito tempo na Inter!!!
    Mister Inzaghi
    2024-04-02 12h34m por joaoxsf
    O Inzaghi desde os tempos de Lazio aplica este "futebol total" quando tem a posse de bola. Muitas vezes, com apenas o zagueiro central atrás, os zagueiros de lado sobem como alas, os alas como pontas, e o meio todo povoado com os 3 jogadores preenchendo os espaços para encurralar o adversário na sua própria área. Poucos conseguem segurar este time hoje em dia.

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